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Calo uma visão sindrômica

Escrito por

Fabio Francesconi

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Pele grossa e rígida por atrito repetido?

Sabe aquela porção dura da pele que se tornou grossa e rígida por atrito repetido?

E quando a nossa pele está sob constante pressão? Também teremos um efeito semelhante em nossa pele.

Me lembro bem da época que usávamos muito lápis e canetas – sempre no fim de um ano letivo, tinha aquela protuberância de pele grossa localizada no local de apoio do lápis e caneta. Era o famoso calo.

Essa porção espessa, depois dos três maravilhosos meses de férias murchava como protuberância e alisava em sua textura. Em alguns casos quase desaparecia, seria o presente das férias com uma pele descansada?

E com o retorno das atividades acadêmicas reiniciávamos um novo ciclo.

A calosidade é um exemplo de como a pele pode nos ajudar a nos adaptarmos ao que fazemos.

Estamos visualizando uma reação padronizada da nossa pele, que se adapta ao meio.

Clinicamente temos um engrossamento da pele que ao microscópio apresenta aumento da camada espinhosa, da camada granulosa e da camada córnea. O espessamento da córnea é o que chamamos de hiperceratose, um termo histológico que nós clinicos pegamos emprestados de nossos amigos da patologia.

Hiperceratose, só para alinharmos as terminologias, representa um espessamento da camada córnea e pode ser desencadeada por inúmeras causas.

Hoje vamos ficar com o grupo das calosidades, que gostaria de apresentar uma visão sindrômica, como uma subdivisão das síndromes hiperceratósicas. E para esta síndrome de calos vou dar o nome calosidade.

Calosidade é uma terminologia (não oficial) que engloba as lesões reacionais que são localizadas, com uma pele de consistência endurecida e superfície áspera

Do ponto de vista clínico a identificação de um calo é relativamente simples: é uma pápula endurecida, localizada em ponto de atrito ou pressão, cor da pele, com escamas aderidas que podem estar presentes e acentuação dos dermatoglifos.

No grupo das calosidades temos três variantes:

  • Calo (tiloma) que é uma lesão indolor, tipicamente localizada em pontos de pressões, cor da pele que não apresentam qualquer distorção dos dermatolglifos. Tipicamente desaperece com a retirada do fator desencadeante.
  • Clavus (heloma ou corn) é uma lesão que tipicamente é dolorosa, em diferentes intensidades, à pressão. Não se identifica com clareza o fator precipitante, porém encontra-se tipicamente em pontos de pressão. Clinicamente a descamação esta presente, com a formação de uma área córnea central que distorse os dermatoglifos
  • Heloma mole ou interdigital (soft corn) se diferencia clinicamente de uma calosidade, por ser uma área descamativa esbranquiçada, úmida, localizada em áreas intertriginosas, muitas vezes cobrindo uma base de pele endurecida. A dica vem da consistência da base.

A partir deste ponto vou trazer o meu ponto de vista, que não necessariamente tem concordância na literatura. Esta na verdade (com raras ocasiões), considera as diferentes calosidades como sendo variações da “mesma coisa”, visão que não compartilho.

Na minha opnião a avaliação das calosidades pode ser complexa e revelar diferentes condições clínicas.

Então vamos para o meu ponto de vista.

Os calos são lesões que decorrem de atrito externo. Identificamos se uma pessoa malha com pesos olhando a palma e identificando os calos. Sabemos se um sapato está apertado ou se a pessoa escreve muito.

E ainda podemos classificar a lesão dentro do grupo das Dermatoses Friccionais se hipercromia estiver associada.

Já o clavus é uma manifestação dermatológica de algo que vem de uma pressão interna.

Ficou confuso? Deixa eu me explicar.

Quem nunca teve aquela paciente com inúmeras lesões de clavus plantar? A paciente de origem umilde, nem usa calçado fechado, muitas vezes portador de diabetes, ou teve histórico de hanseníase.

O que será que está ocorrendo? Estes pacientes muitas vezes possuem desvios de coluna, alterações posturais que levam a uma pressão assimétrica da região plantar. É a pressão que vem de dentro para fora.

Pode então significar alguma alteração postural. Em outros casos, por conta de alteração da sensibilidade plantar o paciente não ajusta a caminhada e passa a distribuir o peso de forma assimétrica, até que temos a formação do clavus. Nestes casos temos a lesão como manifestação de uma uma neuropatia periférica.

E os pacientes que possuem heloma interdigital secundária a deformidade óssea com indicação de condilectomia por exemplo?

Os helomas são manifestações de algum problema que precisa ser investigado e o tratamento é cirúgico na maioria das vezes.

Já os calos são defesa de algo externo e o tratamento é proteger a pele ou até nem indicar tratamento, pois é a forma que a pele arrumou para nos defender.

Você concorda com o meu ponto de vista?

Comenta aqui, quero saber…

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