Os resultados dos ensaios clínicos do Olumiant são animadores do ponto de vista clínico, contudo como é a relação entre o baricitinibe e qualidade de vida?
Quando estruturamos ensaios clínicos, temos regras que são rígidas, tanto para a execução como para as análises estatísticas.
Salvo algumas excessões é comum surgirem perguntas durante o ensaio clínico, perguntas que não foram previstas. Isto acontece devido ao surgimento de informações não previstas ou imagindas na confecção do ensaio.
O que fazer para responder as perguntas que surgem durante o ensaio clínico?
É neste contexto que surgem as chamadas análises post-hoc.
As análises post-hoc são confeccionadas após a coleta dos dados com a intensão de responder novas perguntas ou de complementar as respostas já obtidas, ou seja, é um refinamento da pesquisa.
As análises post-hoc servem para responder perguntas definidas após a confecção do estudo
É exatamente essa a proposta do artigo Baricitinib provides rapid and sustained improvements in absolute EASI and SCORAD outcomes in adults with moderate-to-severe atopic dermatitis
Este post faz parte de nossa série de artigos que fala como os Inibidores de JAK vão mudar a dermatologia
Nesta análise post-hoc dos ensaios BREEZE AD1 AD2 e AD7 os autores tem um olhar diferentes para os classicos scores da dermatite atópica – SCORAD, EASI, NRS.
Os autores juntam os dados dos estudos que possuem um desenho muito semelhante.
Além disso, olham também para a percepção dos pacientes e para os chamados MCID (minimal clinically important differences), ou seja, para pequenas diferenças clínicas e o impacto destas na qualidade de vida dos pacientes.
Lembrando que os estudos:
- BREEZE AD1 e AD2 comparam as doses baricitinibe 2mg e 4mg com placebo
- BREEZE AD7 comparam as doses baricitinibe 2mg e 4mg com placebo e os pacientes também podiam usar corticoesteróides tópicos.
Com um total de 1316 pacientes avaliados, os estudos mostram que a resposta ao baricitinibe é rápida, já nas duas primeiras semanas, e sustentada ao longo das 16 semanas.
Vale lembrar que os scores na dermatite atópica podem se basear apenas em critérios objetivos, que são a presença das lesões considerando o percential da pele acometida, que é o caso do SCORAD.
Por outro lado, há outros scores que consideram sintomas subjetivos e a percepção do paciente. É o exemplo do EASI que leva em consideração a percepção do prurido assim como a qualidade do sono.
Por fim temos o DLQi, que é um formulário focado na percepção que o paciente tem sobre o impacto da doença em suas atividades cotidianas.
Voltando ao estudo, os autores identificaram que em alguns casos, a percepção de melhora do paciente foi mais rápida e impactante quando comparadas aos parâmetros objetivos.
Os resultados mostram que nem todos os pacientes alcançaram a dermatite atópica leve, ou como dizem os americanos, clear ou almost clear.
A doença é complexa e ainda existem casos que não respondem como gostaríamos. No estudo existem pacientes que continuaram insatisfeitos.
É inegável a relação do baricitinibe e qualidade de vida
Certamente o baricitinibe já é uma importante ferramenta no tratamento da dermatite atópica.
Por outro lado o Baricitinibe não vai resolver todos os casos, logo precisaremos continuar nos atualizando e estudando para um dia…
… chegarmos na resolução de 100% dos casos de dermatite atópica