Se somos capazes de nos adaptar às ameaças, agradeça aos incríveis linfócitos, os responsáveis pela resposta imune adaptativa, aquela que nos defende de virtualmente todas as ameaças
Introdução
Uma Jornada Histórica através da Imunidade: Das Primeiras Vacinas às Maravilhas da Imunidade Celular
Imagina uma época devastada pela varíola.
Uma doença que quando não matava deixava marcas por toda a vida.
Foi o contraste entre as faces marcadas pelo vírus e beleza da pele das mulheres leiteiras que mudamos a medicina como ela era conhecida na época. Foi o início da imunologia que se iniciou com um observação simples: as mulheres que ordenhavam as vacas, expostas ao Cowpox, raramente sofriam da varíola e suas peles não ficavam marcadas.
Esta peculiaridade inspirou Edward Jenner, no século XVIII, a desenvolver a primeira e mãe de todas as vacinas. Ponto de virada da medicina da época que explicamos no vídeo a Vaccination de Jenner.
Porém, nosso foco aqui vai além da varíola ou das vacinas; mergulharemos no mundo fascinante dos linfócitos, essenciais na história da imunidade humana e responsáveis por essa e outras revoluções médicas, principalmente nos dias de hoje.
A Evolução dos Linfócitos: Uma História de 500 Milhões de Anos
O reconhecimento de padrões fixos, presentes na resposta imune inata existe desde sempre mesmo nas formas mais rudimentares de vida. Tudo mudou há aproximadamente 500 milhões de anos atrás, nos peixes sem mandíbula como as lampreias, quando surgiu uma célula que reconhecia uma maior diversidade de antígenos. Esta é a versão rudimentar dos linfócitos que também possuía a capacidade de transferir a imunidade.
Linfócitos Modernos: O Pináculo da Defesa Imunológica
E a versão moderna inicia o seu processo nos tubarões há 360 milhões de anos, chegando na versão atual que é a versão dos mamíferos.
O auge dessa evolução se manifesta nos linfócitos modernos, que surgiram nos vertebrados e são capazes de identificar uma diversidade impressionante de antígenos. Nosso sistema imune atual, refinado ao longo de milhões de anos, agora pode se adaptar a quase qualquer ameaça, graças a esses incríveis linfócitos.
Com olhos (que os imunologistas chamam de receptores) únicos, os linfócitos são treinados para identificar o inimigo por sua estrutura única (são os epítopos) e com isso os linfócitos se destacam pela especificidade da resposta. Na prática teremos o linfócito certo para o inimigo certo.
Agora o sistema imune é capaz de agir de forma direcionada e intencional
Linfócitos: Os Heróis Silenciosos da Saúde Humana
Viver é uma batalha diária e nessa batalha não podemos perder tempo. O tempo de resposta pode determinar o sucesso ou a derrota. A vida ou a morte.
Evolutivamente aprendemos a reconhecer as ameaças.
Na prática, temos inúmeros linfócitos, cada um com o seu receptor.
Quietos, nos órgãos linfóides primários estão esperando serem convocados pelas células apresentadoras de antígenos.
É verdade, a maioria nem iremos usar, isso não importa, eles estão lá para você
A biblioteca linfocitária
Para reforçar o conceito, vamos imaginar uma grande biblioteca.
A biblioteca (linfonodos) contém inúmeros livros (linfócitos). Cada livro contém as informações específicas de um determinado antígeno, de um determinado epítopo.
E nesta biblioteca temos entre 10.000.000 a 1.000.000.000 livros. Este é o repertório linfocitário.
Imagina que a capa com o título de cada livro linfocitário seja o receptor único de sua superfície. Na imunologia, chamamos esse título de determinante antigênico.
E essa coleção foi curada num processo denominado de seleção clonal.
Entender que os linfócitos estão prontos só aguardando o comando para agir é um conceito fundamental na imunologia.
Por outro lado, questionar como uma célula pode ser tão poderosa é também muito natural.
Linfócitos, como vocês podem nos defender de tantas ameaças? Das ameaças intracelulares, das ameaças extra-celulares? De toxinas e dos gigantes parasitas? E até de pequenas moléculas tóxicas?
Sabe responder essa pergunta?
Fundamental responde-la se deseja usar a imunologia a favor do diagnóstico e tratamento dos seus pacientes…
